Alguém a ajude, pelo o amor de Deus! – Gritou a genitora desesperadamente. O crepitar dos destroços e os berros de ajuda eram os sons mais audíveis daquele prédio em chamas. Antes de chegar o corpo de bombeiros, para resgatar a moça que estava entulhada nos destroços, a ajuda de um homem viera e a garota salvou-se por muito pouco.
A moça escapou ilesa do incêndio. Sofreu apenas um pequeno
desmaio devido inalar muita fumaça. No segundo dia, após o incêndio, a moça já sorria
contando aquela tragédia para as suas amigas. “Foi por muito pouco”, dizia ela.
“Eu iria virar churrasco”.
Sophia era realmente linda. Seria um desperdício vê aquela
beleza toda ser deformada por um incêndio.
Aconteceu que ao completar três meses do incidente, Sophia
começou a ser perseguida por um estranho homem horrendo. Ele sempre esperava a
garota sair da faculdade. Seguia ela para todos os lugares que a moça ia. Para
um cinema. Para uma balada. Às vezes ficava parado em frente a sua casa.
Sophia, no entanto, não o percebia.
Certo dia, o homem parou com seu carro em frente ao colégio
de Sophia e perguntou: “Vai uma carona aí, gata?” “Se enxerga, coisa feia”,
respondeu ela. O homem balançou a cabeça verticalmente e saiu com seu carro.
Mais na frente viu Sophia subir no carro de um playboy, suposto namorado dela.
O homem os seguiu com um semblante de ódio e vingança. Parecia estar ludibriado
e ao mesmo tempo obcecado por Sophia. Ao ver o carro parar em frente á casa de
Sophia, cresceu nele uma vontade insana de passar com o carro em cima dos dois.
A vontade aumentou quando ele viu o rapaz beijar Sophia. Apertou as mãos bem
firmes no volante, mas ao acelerar o carro, o homem não teve coragem. O coração
desacelerou por alguma razão. Não queria machuca-la, pois guardava um
sentimento incógnito por ela. Freou e esperou um pouco. Quando os dois se
despediram, o homem foi seguindo agora o playboy, namorado de Sophia. Já era
noite quando o estranho homem freou bruscamente com o seu carro em frente ao
carro do playboy. Desceu do carro com um extintor na mão, e sem falar nada, deu
uma pancada no capô do carro do rapaz. Este saiu do carro e foi tirar
satisfação com o estranho homem. Quando o playboy lhe foi proferir um insulto,
o homem lhe deu com o extintor na cabeça deste que caiu desmaiado no chão. O
horrendo homem, não satisfeito, pôs o extintor na boca do desfalecido rapaz e
pressionou-lhe fazendo-o engolir toda aquela sustância que se encontra no
extintor. O playboy foi encontrado no dia seguinte, bastante inchado prestes a
explodir.
Sophia chorou por dois dias, debruçada em sua janela. No
terceiro dia, Sophia viu um homem com um capuz que lhe cobria todo o rosto, lhe
observando. Sophia empalideceu-se. Ele estava escorado em um poste, e a chuva
não lhe incomodava nenhum pouco, pois a sua fixação para a janela da garota era
perversa e doentia. Sophia abaixou sua cortina para a vista ficar furtiva ao
sujeito. Respirou bem fundo, mas aquilo só fez aumentar sua angustia. Ao olhar
para a janela novamente, Sophia vislumbrou uma frase escrita a spray em um
muro: Você é minha, sua cadela!
Sophia gritou por seus pais e estes rapidamente ligaram para
á policia. Sophia, a partir daquele dia, só era vista acompanhada por um gigante
guarda costa. Aonde fosse, o homem de quase dois metros de altura estava com
ela. O intimidante homem, de cabelos raspados e cicatrizes na têmpora, era um
sujeito de poucas palavras, porém muito eficaz em seu serviço de guarda costa.
Em uma festa de Halloween, realizado em uma boate, Sophia bebeu
tanto que perdeu toda a sobriedade que outrora tivera. Desvencilhou-se de seu
guarda costa para poder curtir a festa sem estar sendo vigiada e observada por
este. Sentada em uma adega, onde se serve bebidas, um mascarado de feição de
palhaço sentou-se em seu lado e começou a lhe galantear.
- Sozinha, linda? – Perguntou ele.
- Sim, ic. – Respondeu ela alegando um estado ébrio.
- A sua fantasia é de Barbie? – Perguntou ele, pois Sophia
estava sem máscaras.
- Ha, ha, ha! Engraçadinho.
- Escuta, você não quer dançar? – Perguntou o palhaço.
- Pode ser. Você dança bem?
- Verás.
- Ah, tem um probleminha. Aliás, um problemão. Tá vendo
aquele grandão de quase dois metros de altura ali? Pois então, ele é meu guarda
costa. Peça permissão a ele.
- Ele parece estar procurando alguém. – Disse o mascarado.
- Sim. Sou eu.
- Vamos aproveitar o seu vacilo e dançar um pouco.
Sophia topou e os dois foram para o meio do salão dançar. O
guarda costa procurava a garota desesperadamente. Perder a garota era perder a
garantia de trabalho. Sua elevada estatura o ajudou muito a achar a linda
Sophia que dançava freneticamente no salão. O palhaço a tinha do jeito que ele
queria: agarrado a moça e beijando-a loucamente. No salão, lugar de vários
jogos de luzes, o guarda costa avistou vários jovens se drogando e se esfregando
quase seminus; viu Sophia em êxtase profundo devido a droga ingerida dançando
com o estranho mascarado. O guarda costa se aproximou, e com uma diabólica violência
socou o palhaço que voou a metros do salão. Segurou a mão de Sophia, que se
desvencilhava dele, e a tirou da pista de dança. Quando os dançantes olharam
para o palhaço, que havia sido estirado no chão com uma violência inaudita,
este já não se encontrava lá. Um leve tumulto tomou conta da danceteria, e
quando todos pregavam a paz, um voo de adaga perfurou a artéria do pescoço do
jovem guarda costa. O homem caiu inerte no chão. Sophia nem viu o que
aconteceu, pois assim que a adaga voou, o tumulto foi instantâneo. Sentiu sua
mão ser apalpada por um homem que a tirou rapidamente daquele transe infernal.
Sophia sentia-se apagada. Não estava lúcida de absolutamente
nada. Poderiam lhe tocar de todas as formas que esta não sentiria nenhum toque.
O estranho palhaço levou Sophia para a casa dele, um lugar tomado a mato e
cantos de grilos e sapos. A única luz que se via por ali era o piscar do
vagalume. O palhaço levou Sophia para uma espécie de cárcere. Abusou
sexualmente de todas as formas da garota, e depois a levou para a cidade e lhe
jogou debaixo de uma ponte suja e escura. Sophia acordou quatro horas da manhã
sem saber absolutamente nada do que havia ocorrido. Sentia-se possuída. E
deveras foi. Pegou um taxí e foi muito confusa para a sua casa.
Ficou sabendo da morte de seu guarda costa, e o que a
investigação policial constatou, foi que o homem morreu por um leve, porém
repugnante desentendimento. O principal suspeito, claro, era o homem que estava
dançando com Sophia. A policia a interrogou, porém Sophia não detalhou, pois
não o conhecia e nem sequer lhe viu sem as máscaras. Mais tarde, uma imagem
estava sendo acessada por milhares de gente na internet; era uma foto de Sophia
sentada com seu órgão no órgão genital de um estranho homem mascarado, o
palhaço. Aquela foto repercutiu o país inteiro e Sophia, não saiu de sua casa
por exatamente uma semana. Aquilo tudo era um pesadelo que estava vivendo.
Um mês depois do acontecimento da foto, Sophia sentia-se
esquecida por aquele fato que lhe assombrou. Já eram poucas as pessoas que
comentavam sobre aquilo em sua faculdade. Sentia-se melhor.
Saindo de sua faculdade, sozinha, pois todas as garotas
sentiam vergonha de Sophia, um homem horrendo, estava parado em cima de um
viaduto observando-a. Sophia acelerou seus passos e sumiu da vista do estranho.
Sophia passou a ver aquele homem constantemente em seu cotidiano. Sophia apelou
para seus pais, mas estes diziam que a filha estava passando dos limites. Conjeturavam
que Sophia estava usando drogas, e que o assassino de seu guarda costa era um
namorado seu. Planejaram matar o homem, pois Sophia já não o suportava mais.
Porém aquilo tudo não passava de uma conjectura impensada de seus pais.
- Sophia está enlouquecendo. Este homem não existe! – Dizia seu
pai á mãe de Sophia.
- Acredito na minha filha. Você precisa ajuda-la, Jorge! –
Dizia a mãe.
Durante a discussão dos pais, Sophia, que estava deitada em
sua cama com um fone de ouvindo escutando uma canção, foi violentamente amordaçada
e amarrada em sua cama. Sim, era o sádico deformado.
- Conheces-me? – Perguntou ele. – Se sim, meneie a cabeça
positivamente. Se não, negativamente.
Sophia meneou negativamente.
- Eu fui teu desprezo antes de ser assim. Agora sou uma aberração
para esses teus lindos olhos verdes. O que difere os dois lados? Para alguns
acho que muito, porém para mim nada. Ser desprezado por você é o mesmo que ser
uma aberração. Para mim tanto faz.
Sophia estava paralisada. Não conseguia se mexer. Suas pupilas
dilatavam-se de pasmo. Seus olhos jorravam lágrimas.
- Sempre te admirei, sua cadela. Eu sou o homem que salvou a
tua vida. O homem que te tirou dos destroços daquele maldito incêndio. O homem
que enfrentou a morte para te ajudar. O homem que se deformou por te amar.
O deformado homem apontou a arma em sua boca e lhe desferiu
um único tiro fazendo jorrar sangue por todo o leito de Sophia.
Por Patrik Santos
Por Patrik Santos